O Desastre prepara para os próximos dias mais um relançamento de “Procurando Saída”. Desta vez, a obra-prima do metalpunk nacional será imortalizada em vinil colorido de 180 gramas, capa dupla e encarte colorido. Para aquecer os motores do underground e acompanhar a nova edição deste clássico, a banda produziu vídeos de algumas músicas do disco, e lança hoje o primeiro deles: “Revólver”.
Formada
em 1996, a Desastre é uma das bandas mais icônicas do punk e do
underground nacional. Com seu som inconfundível, a banda acumula 28
anos de história e reconhecimento internacional. Inclusive, seus
dois primeiros discos “Pesadelo Real” (2003) e “Perigo
Iminente” (2005) foram lançados em formato LP na França e
Alemanha, respectivamente. Além disso, a banda possui outros quatro
trabalhos lançados em 7": “Funeral na Nova Ordem (2000),
“Mundo Velho (2002) , “Espiral de Barbáries” (2017) e "Vasto
Deserto" (2018).
Wilton D, fundador e vocalista da banda, conversou com o Dr. Gori sobre esse grande acontecimento que será cantado em verso e prosa durante todo o ano de 2025 no underground nacional!
Cara a expectativa é muito boa. O disco vai ficar muito bonito. A capa já tá pronta. Vai ser uma capa dupla um gatefold , né. E vai ter algumas fotos inéditas, outras não, mas a arte de um modo geral tá muito bonita. A prensagem tá sendo feita na Polisom. Então as expectativas são muito boas. Acho que vai ficar um disco muito bonito graficamente, esteticamente falando. Espero que a qualidade da prensagem seja boa também e espero que as pessoas que comprarem o disco fiquem felizes com aquisição.
Como a banda chegou a esse relançamento, foi uma iniciativa de quem?
A primeira pessoa que me procurou foi o Bacural [Bacural Discos, Ímpeto]. Ele me disse que estava em conversa com o Bruno Foca, de São Paulo e que pensavam em fazer o relançamento do disco em LP. A partir da dessa conversa, o Bruno entrou em contato comigo também e foi tudo muito rápido. Eles conseguiram todos os selos e as pessoas que estão participando do relançamento muito rápido. Acho que as primeiras conversas foram ali por outubro/2024 e tudo já foi prontamente organizado. O Bruno é uma pessoa muito organizada e fez com que tudo caminhasse muito rapidamente.
Esse não é o primeiro relançamento de procurando Saída, ele já saiu com uma versão com faixas extras ao vivo..
Sim, ele já foi relançado em CD. Uma segunda prensagem em CD que contou com algumas faixas bônus ao vivo de um show que foi gravado no Martim Cererê com uma formação diferente do que foi a formação que gravou o disco. Esse CD tá disponível ainda pela Two Beers or Not Two Beers Recs. Se alguém tiver interesse, basta entrar em contato com eles que ainda é possível adquirir cópias desta segunda prensagem do CD.
O disco é muito longo e o vinil tem um limite de tempo. Se eu não me engano 22 minutos de cada lado para que tenha uma qualidade melhor. Acho que o “Procurando Saída” todo tem mais ou menos 57 minutos, alguma coisa assim. Não era possível colocar todas as músicas, tivemos que deixar algumas de fora para que o disco não perdesse qualidade na prensagem. Optei por tirar, por exemplo, o cover do Besthöven que o Fofão inclusive lamentou que não tenha sido colocado. Eu falei com ele recentemente e ele disse: “– Pô, vai sair o cover no disco cara?” Além disso, a versão do Belchior que a gente tinha feito não vai estar no LP também, porque a gente não conseguiu autorização dos herdeiros do cara para que a música fosse incluída. Eles disseram que não era possível conceder a autorização porque a versão que fizemos descaracteriza a versão original feita pelo Belchior. Então ficou de fora. Algumas outras ficaram fora também. Eu fiz essa curadoria, quais entrariam e quais sairiam. Mas é isso, infelizmente algumas ficaram de fora por questão de tempo. O LP não suportaria todas as músicas.
Como foi o período de gravação do álbum?
Cara o período de gravação do “Procurando Saída” foi em 2007. Foi uma fase muito produtiva da banda. O que facilitou muito a composição desse disco foi o fato de que a gente tinha um estúdio próprio, que ficava na casa do meu pai. Você sabe, né, você já tocou lá...rsrs. Então o fato de ter o estúdio próprio fez com que a gente tivesse mais tempo para produzir as músicas, pensar nas músicas, e fazer um disco um pouco mais elaborado. Isso foi um fator determinante para que o disco tivesse tanto o tamanho em termos de tempo quanto a profundidade em termos de elaboração musical. Além desse fato, a entrada do Hassan na banda fez com que a gente desse um salto em direção a possibilidades de se trabalhar de forma mais elaborada as músicas em termos de composição. O Hassan era uma pessoa muito versátil na guitarra, então isso puxou o resto da banda. Fez com que a gente passasse a executar ideias que a gente tinha anteriormente, mas que por questões técnicas não conseguíamos. O Procurando Saída existe também porque o Hassan entrou na banda e fez com que a gente pudesse explorar estilos, timbres e possibilidades musicais que anteriormente não eram possíveis por causa das limitações técnicas que tínhamos nas guitarras.
Antes de Procurando Saída, o Desastre tinha já tinha lançado “Mundo Velho” e “Pesadelo Real” e "Perigo Iminente", trabalhos mais crus e diretos… Quais foram os caminhos que levaram até a evolução do o estilo metal punk de Procurando Saída, que é bem mais elaborado musicalmente?
Cara eu acho que é um pouco do que eu falei antes. O Procurando Saída é resultado, em grande parte, do tempo que tivemos para dedicar a composição desse álbum e também da entrada do Hassan no Desastre. Isso foi definitivo para que a gente conseguisse atingir o nível técnico do “Procurando Saída”. Essa coisa mais metal, essas guitarras mais rock-metal que são características desse disco. Sem o Hassan isso não teria sido possível. O “Perigo Iminente” já foi ali uma tentativa de fazer algo mais elaborado, mas dentro das nossas limitações técnicas. A maioria das músicas do perigo Iminente são minhas, o Rato fez duas. Anteriormente, no “Pesadelo Real” à exceção de uma música que o Rato fez, todo o restante foi eu, assim como todas as anteriores. Eu sou um guitarrista tecnicamente muito limitado, né. Jamais conseguiria tocar as músicas do “Procurando Saída”, apesar de ter feito muitos riffs do disco. Mas eu criava os riffs e passava para o Hassan que deixava com o um toque totalmente diferente em termos de paletada, colocava mais elementos que deixava a música muito mais melódica e direcionada para uma pegada metal que é o que a gente estava pensando em fazer. O Danny também compôs nesse disco. “O Inferno não é Um Lugar Ruim”, Me Diga que a Morte Seja Apenas Ilusão” são riffs criados pelo Danny. Então é isso, né, o “Procurando Saída” é resultado desse processo. Um pouco de cada um e principalmente da entrada do Hassan na banda que possibilitou essa atmosfera de experimentar, misturar elementos e estilos musicais: punk, rock, metal, hard rock.